Para Sartori, estar preparado para acolher funcionários que apresentam questõesde saúde mental não significa ter uma formação em psicologia ou atuar comoterapeuta da equipe. Trata-se, principalmente, de praticar a escuta ativa
. “É fazerperguntas com a intenção genuína de escutar, e estar presente de corpo e alma[nessa conversa]”, diz. Segundo ela, o remoto dificultou esse tipo de diálogo, que antes poderia acontecer naturalmente no corredor ou café. Para quem trabalha a distância, a solução seria marcar reuniões individuais sem agenda prévia, apenas para conversar e ver o que surge.
Isso porque a escuta ativa, que permite compreender como o outro está, requer tempo. “A escuta ativa não é algo difícil de se fazer”, diz Sartori. “Mas [o líder] precisa disponibilizar tempo na agenda para isso, e entender que não está perdendo tempo[nesse tipo de conversa]”. Até porque, ressalta Gabanyi,
com esse tipo de diálogo, a equipe e o próprio gestor vão ganhar de outras maneiras. “Quando o líder dedica tempo, o profissional será mais dedicado.”
O desafio da
gestão do tempo
é grande. Na pesquisa, os líderes foram questionados sobre para quais atividades eles têm menos tempo. Entre as respostas surgiram cuidar da minha saúde e do meu bem-estar (37,38%) e criar proximidade com membros da equipe (9,83%).
Encontrar tempo para compreender a equipe, no entanto, parece fundamental parareter as pessoas.
Entre liderados, o aspecto mais importante na carreira é
salário
(71,59%), e na sequência aparece um ambiente de trabalho que apoia e acolhe
(64,20%). Em paralelo, 32,39% dos liderados responderam que a habilidade que mais falta em seus gestores é apoio. “
Se o líder não tem a escuta ativa, e não tem tempo para os colaboradores, talvez eles [os liderados] também vejam o ambientecomo tóxico
”, comenta Sartori.