Saiba quais devem ser os desafios dos executivos brasileiros nos próximos três anos
Levantamento realizado pela consultoria EY ouviu cerca de mil profissionais empostos de decisão
Autor: Jacilio Saraiva
Data: 05/09/2023
Fonte: Valor Econômico
O cenário econômico global, apontado por 45% dos entrevistados; as incertezas políticas (40%) e a incorporação de tecnologias disruptivas (40%) são os três principais desafios externos que devem impactar os negócios, nos próximos três anos. Os dados são do estudo “Desafios e tendências das empresas na América Latina 2023”, realizado pela consultoria EY entre fevereiro e abril de 2023. O levantamento, obtido com exclusividade pelo Valor, ouviu cerca de mil executivos em postos de decisão em 18 países, incluindo o Brasil. Internamente, os gargalos das organizações nacionais estão ligados a melhorias operacionais, produtividade e custos (46%); crescimento da participação no mercado (36%), tecnologia e transformação digital (33%). Logo após aparecem inovação (32%), estratégia e transformação de negócios (31%).
“O que mais chama a atenção na pesquisa é que no Brasil, além das questões ‘tradicionais’, como o cenário econômico, aumento e pressão de custos, incertezas políticas e concorrência, a incorporação de tecnologias disruptivas se destaca como a terceira (40%) mais pontuada pelos executivos”, diz Victor Guelman, sócio-líder de markets e business development da EY Brasil.
uando deixamos de olhar “para fora” das organizações, explica o especialista, e elencamos os desafios internos, percebe-se também a maior presença da necessidade de adotar tecnologias que impulsionem a transformação digital [33%], aspecto muito próximo do crescimento de mercado [36%] e da busca de melhorias operacionais [46%].
“O que mais chama a atenção na pesquisa é que no Brasil, além das questões ‘tradicionais’, como o cenário econômico, aumento e pressão de custos, incertezas políticas e concorrência, é a incorporação de tecnologias disruptivas ”, diz Victor Guelman, sócio-líder de markets e business development da EY Brasil.
De acordo com Guelman, a procura e adoção de tecnologias para incrementar modelos operacionais não é algo novo nas pesquisas e tem crescido em relevância. “E o que é mais importante, vem se disseminando com muita facilidade, o que permite que novos entrantes ‘incomodem’ de forma mais rápida, pressionando os custos e margens das empresas.” Outro ponto de reflexão nos resultados da análise é a necessidade crescente de focar na transformação digital, tendência impulsionada pela busca da melhoria operacional e da produtividade, lembra o executivo. “Esses dois desafios aparecem, com muita relevância, em todos os setores pesquisados.” Diante dos dados, a recomendação de Guelman para as chefias é alinhar modelos de negócios com as tendências tecnológicas. “Percebemos na pesquisa que 40% dos executivos brasileiros já revisitaram os modelos das suas operações para os desafios dos próximos três anos, mas a maioria ainda está em processo.” O estudo mostra que focar em inovação (87%), incrementar a produtividade com tecnologia (84%) e incorporar tecnologias disruptivas (77%) são estratégias que devem ser consideradas quando as equipes forem revisitar práticas de negócios, explica. Na América Latina, quando perguntados sobre qual frase reflete o momento da empresa, 34% dos dirigentes dizem que “está avançando em uma nova realidade” –ou montando estratégias e modelos de negócios – e 30% apontam que as corporações estão “acelerando e aproveitando oportunidades.” Na base do ranking, aparecem percepções como “estão reagindo à contingência e procurando maneiras de se adaptar e se reinventar” (20%) e “sobrevivendo para dar continuidade aos negócios” (10%). Apenas 5% dizem “esperando pela melhoria do cenário político para agir”. Em comparação, no Brasil, 31% dos entrevistados afirmam que a companhia está avançando ou acelerando (39%); reagindo (23%) e sobrevivendo (5%).
“Embora o percentual de cada observação não seja maior que 50%, podemos observar que os dois primeiros itens assinalados pela maioria são os mais otimistas das opções”, pondera o consultor. Parte desse otimismo e resiliência é um reflexo da pandemia, que obrigou as organizações a acelerarem os planos de transformação digital, diz.
“Após a covid-19, período conturbado no mundo inteiro, os executivos aprenderam a ‘trocar o pneu com o carro em movimento’”, afirma. “Isso significa que estão implementando soluções a curto prazo e, para isso, investem cada vez mais em tecnologia como um agente facilitador dos negócios.”
Além do Brasil, participam da pesquisa diretores e membros do C-level de organizações da Argentina, Honduras, Bolívia, México, Nicarágua, Chile, Panamá, Colômbia, Paraguai, Costa Rica, Peru, Equador, República Dominicana, El Salvador, Uruguai, Guatemala e Venezuela.